24.7.09

 

A Propósito do Primeiro-Ministro que ainda Estará para Nascer



Custa-me voltar a Sócrates, mas a sua petulância a tal me obriga. Ouvi-lo a vangloriar-se das suas pretensas realizações, da forma hiperbólica como o fez, excede o que uma mente, ainda que muito cristã, o que não é manifestamente o caso, consegue aturar.

Estará ainda para nascer, disse esta estupenda sumidade «socialista», o Primeiro-Ministro que tenha feito melhor do que ele no controlo do défice orçamental, de novo caído para a casa dos 6 % do PIB, com as culpas imputadas à crise financeira internacional, está bem de dever, como de resto pelo desemprego, pela quebra do investimento estrangeiro, pela desindustrialização do País, pela quebra do Turismo, etc., etc. Abençoada crise internacional que ainda lhe dará um milagroso empurrãozinho eleitoral em Setembro próximo.

Poderá ele agora voltar a pedir ao seu camarada do BdP que o ajude a calcular este inesperado valor do défice, que espantosamente cresce, quando toda a Economia se retrai.

Sócrates invoca o aumento dos requerentes das prestações sociais para a sua justificação, dada a crise financeira internacional, sempre ela, a prejudicar Portugal, mas aproveitada por Sócrates, para o salvar das responsabilidades políticas, próprias e do seu Partido, fortemente cúmplice de um Governo medíocre e trapaceiro, como poucos tivemos nos últimos 35 anos.

Ainda só lhe vimos reconhecer alguma deficiência na área cultural. No resto a sua presunção passeia-se impante, impulsionada pelo vento forte da Demagogia, sua permanente musa inspiradora.

Perante isto que dizer de tamanha cumplicidade, dentro do Partido, com a excepção intermitente de Manuel Alegre, reconheça-se, embora seja muito pouco. E fora, na vasta Comunicação Social, em geral, prevalece uma atitude complacente, sem nenhuma comparação com a excitação que a percorre, quando práticas governativas idênticas ou piores pertencem ou pertenceram a Governos do PSD ou da Direita.

Esta, aliás, é, na dita Comunicação Social, tenebrosa, por regra, ou chega a ser quase pré-fascista, como amiúde é mediaticamente apresentada qualquer representação política à direita do PS, o partido charneira do sociedade portuguesa, como o classicava Soares, com aquele seu rigor ideológico ou político, celebrizado por cá e no no estrangeiro, onde, como se sabe, alcançou alta distinção, comprovada nos vinte e tal Doutoramentos recebidos.

Também aqui se poderia ajuntar que ainda estará por nascer outra figura política, intelectual, artística, cultural ou científica portuguesa capaz de agregar tanto título universitário.

Quanto aos manifestos de intelectuais independentes que ultimamente têm surgido todos muito preocupados com o futuro de Portugal, sobretudo se finalmente livre da tutela socrática, é caso para se perguntar se só agora terão acordado para a realidade do País.

Devem certamente ter adormecido no róseo regaço socrático desde o ano de 2005 e agora, subitamente estremunhados, sobressaltados com a terrível hipótese da punição eleitoral do seu devotado protector e inspirador, reúnem esforços e apoios para exorcizar o espectro da derrota.

Daqui até Setembro, iremos assistir ainda a mais alguns destes toques a reunir. Esperemos, no entanto, que os incautos se revelem em escasso número, a bem da pureza do ar que queiramos respirar.

Claro que do que se disse não deve inferir-se que a alternativa que se perfila seja isenta de dúvidas ou mesmo de temores. Bastou-nos a experiência barrosista e depois a santanista para percebermos com o que devemos contar.

Mas, primeiro há que sacudir um jugo, o presente, para, a seguir, se buscar melhor remédio. Sempre este princípio pareceu preferível a continuar a alimentar o mal em exercício. E nesta recomendação por ora fiquemos.

Haja fé que atrás do tempo, tempo vem, como cantava o Fausto em tempos de maiores esperanças e de enormes ingenuidades.

AV_Lisboa, 23 de Julho de 2009

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?